DESFILE DE CAMPEÃS COM JAMELÃO E ESCOLAS DE SAMBA  (1961, LP)
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LPP-3.181
DESFILE DE CAMPEÃS COM JAMELÃO E ESCOLAS DE SAMBA
FACE A 

1. RECORDAÇÕES DO RIO ANTIGO — samba
   (Hélio R. Neves-Jorge A. de Oliveira-Cicero dos Santos)
   ESTAÇÃO 1.a DE MANGUEIRA
2. DESDE QUANDO — samba
   (Edson Bruno-Nuno Veloso)
   ESTAÇÃO 1.a DE MANGUEIRA
3. O ALEIJADINHO — samba
   (Eduardo de Oliveira-João Nicolau-J. Ernesto Aguiar)
   ACADÊMICOS DO SALGUEIRO
4. SÓ RESTA A SAUDADE — samba
   (Anescar Pereira Filho-Noel Rosa de Oliveira)
   ACADÊMICOS DO SALGUEIRO
5. EPOPÉIA DO PETRÓLEO — samba
   (Aureo C. de Sousa-Gustavo B. Neves)
   UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR
6. PAISAGENS DA ILHA — samba
   (Aureo C. de Sousa-Gustavo B. Neves)
   UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR

FACE B

1. RIO, ONTEM E HOJE — samba
   (Taú Silva-Alcebíades de Souza-J. Laurindo)
   UNIDOS DO CABUÇÚ
2. LÁGRIMAS DE DOR — samba
   (Moysés Silva-JorivaI de Morais)
   UNIDOS DO CABUÇÚ
3. SECAS DO NORDESTE — samba
   (Gilberto de Andrade-Waldir de Oliveira)
   TUPY DE BRAZ DE PINA
4. SUJEITO PESADO — samba
   (Gilberto de Andrade-Waldir de Oliveira)
   TUPY DE BRAZ DE PINA
5. BRASIL GIGANTE — samba
   (Raymundo dos Santos Martins)
   IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE
6. SENHOR — samba
   (Manoel Vieira)
   IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE

Ao lançar êste LP, a Continental está prestando um grande serviço à música popular brasileira, pois foi buscar o samba onde êle é mais autêntico, nas escolas de samba. Êste disco serve também para desmentir aquêles que julgavam impossível uma boa gravação usando como elementos de côro os próprios sambistas das escolas de samba.

O critério de escolha também foi o mais acertado possível. Havendo três desfiles por carnaval (na Avenida Rio Branco, Avenida Presidente Vargas e Praça Onze), foram selecionadas as duas primeiras colocadas de cada desfile, apresentando, cada uma, dois sambas: o do enrêdo e o chamado “de ensaio”. O desfile da Avenida Rio Branco é considerado o super-campeonato, pois reúne as dez escolas mais fortes da cidade. O da Avenida Presidente Vargas, o campeonato, e o da Praça Onze apresenta as escolas novas. As duas que obtiveram o primeiro lugar na Praça Onze vão para a Presidente Vargas, enquanto as duas últimas da Presidente Vargas descem para a Praça Onze no ano seguinte. O mesmo acontece com o desfile da Rio Branco, que perde as duas últimas e ganha as duas primeiras da Avenida Presidente Vargas. Assim, estão neste LP as escolas de samba Estação Primeira de Mangueira e Acadêmicos do Salgueiro, Unidos do Cabuçu e Tupy de Bras de Pina, Imperatriz Leopoldinense e União da Ilha do Governador, campeão e vice-campeãs, respectivamente, dos desfiles da Avenida Rio Branco, Presidente Vargas e Praça Onze, em 1961.

Quem fala em história das escolas de samba, e mesmo na história do samba, não pode omitir o nome do Morro da Mangueira e da sua escola de samba, a Estação Primeira. Foi de lá que surgiu Agenor de Oliveira, o fabuloso Cartola, que ainda hoje faz sambas tão bons como há 30 anos atrás. Foi lá o primeiro lugar que um homem de govêrno, o Prefeito Pedro Ernesto, procurou para saber exatamente o que é o samba. Foi de lá que saíram Geraldo Pereira, o maior compositor do samba genuinamente carioca, Carlos Cachaça, grande sambista, Nelson Cavaquinho, autor de versos dos mais bonitos contidos em um samba (aquêles que dizem assim: “tira o teu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dôr” e o cantor Jamelão, cuja voz, aveludada e firme, o faz um dos maiores cantores do mundo. Neste disco, o ouvinte encontrará o samba “Rio Antigo”, cujos autores, Hélio Turco, Cícero e Jorge Pelado, são tri-campeões de samba de enrêdo. O outro samba, “Desde quando”, é assinado por um ilustre advogado, Nuno Veloso, membro do Centro Don Vital e figura conhecida nos meios de iuventude intelectual cristã, que se tornou um excelente sambista.

Quanto à Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, o mínimo que poderíamos dizer é que, desde a sua fundação, em 1953, é a escola que mais , cresce no Rio. Cresceu tanto que há vários anos nunca ficou além do terceiro lugar e é hoje uma escola temida pelas rivais, pelas inovações que apresenta em cada ano. Peço atenção para o samba “Só resta a saudade”, que leva a assinatura de Noel Rosa de Oliveira (ao lado de Anescar Pereira Filho) em nossa opinião, um dos melhores compositores de morro. Talvez êle se esforce para justificar o nome.

As outras escolas, Unidos do Cabuçú, Tupy de Braz de Pina, Imperatriz Leopoldinense e União da Ilha do Governador, caminham a passos largos para chegar à posição em que estão hoje a Mangueira e o Salgueiro. Se não acreditam, que ouçam os seus sambas, dotados de melodias ricas e letras belas, como só sabem fazer os homens simples e espirituosos que são os sambistas cariocas.

SERGIO CABRAL

Capa de JOCELITO — Foto MAFRA — Técnico de Gravação NORIVAL REIS — Produtor JOSÉ BISPO (JAMELÃO)
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