O mundo encantado de Monteiro Lobato foi o enredo apresentado pela Estação Primeira de Mangueira no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro de 1967. A escola, a nona a desfilar no dia 5 de fevereiro, foi campeã do carnaval carioca pela décima vez. Foi a primeira vez que uma escola de samba apresentou um enredo baseado na literatura infantil brasileira. A Mangueira vinha de Exaltação a Villa-Lobos, que lhe rendera o vice-campeonato em 1966, e assim consolidava uma tendência de desfiles homenageando grandes personalidades da cultura brasileira, que se manteria nas décadas seguintes. A Mangueira só entrou na avenida às 10h da manhã de segunda-feira. A passista Gigi da Mangueira retornava depois de seis anos de ausência. Acompanhada por Mussum, ela desfilou à frente dos ritmistas, num tempo em que ainda não havia “rainhas de bateria”. Com uma apresentação contagiante, a escola foi aclamada pelo público, aos gritos de “já ganhou”1.

Texto alternativo
Legenda

Lobato será enrêdo em 67 da Mangueira

Na última reunião da diretoria da Estação Primeira de Mangueira, em que mestres-sala e porta-bandeiras discutiram o enrêdo da escola para o carnaval de 67 — O Mundo Encantado de Monteiro Lobato —, o ponto alto foi o abraço de confraternização trocado entre os famosos Delegado, Neide e Mocinha.

Depois de Mocinha receber um voto de louvor por ter em 66 substituído Neide, o responsável pelo enrêdo da escola, Julinho, contou a sua viagem a Taubaté, terra de Monteiro Lobato. Disse que foi cercado de todo carinho e que os habitantes de Taubaté pediram que a Mangueira levasse O Mundo Encantado de Monteiro Lobato, em abril, até aquela cidade2.

Ainda sobre a divulgação do enrêdo da Escola, duas publicações na coluna SAMBA EM REVISTA de O Jornal. Uma de 10 de julho de 1966 e outra de 25 de agosto do mesmo ano. Os textos:

“A Estação Primeira de Mangueira já tem enrêdo delineado para o desfile das Escolas de Samba no Carnaval de 1967. Intitula-se «O mundo encantado de Monteiro Lobato», tema que será montado mais uma vez pelo favelado Julinho.”

“Movimenta-se a Escola de Samba Estação Primeira para recuperar no próximo carnaval seu prestígio de campeã no sensacional desfile da Avenida Presidente Vargas. Para isso, vem trabalhando intensamente seu presidente Juvenal Lopes, tendo tomado a iniciativa de colocar no seu departamento de relações públicas os esforçados Jorge Pompéia e Eugênio Agostine. Além disso, o dirigente máximo da Mangueira já estêve também na cidade de Taubaté, em companhia de Nelma, diretora do departamento feminino e de Julinho, encarregado das alegorias, observando detalhadamente a biografia de Monteiro Lobato, figura que será motivo do enrêdo para a grande parada do samba no domingo de carnaval no asfalto da Avenida Presidente Vargas.”

ESCOLAS SAEM COM TEMAS INFANTIS

As Escolas de Samba de Mangueira, Salgueiro e Império da Tijuca, apresentarão no carnaval de 1967, como homenagem às crianças, enrêdos sôbre a vida e a obra de três escritores infantis: Monteiro Lobato, Viriato Correia e Vicente Guimarães.

A Escola de Samba do Império da Tijuca, situada no Morro da Formiga, mostrará tôda a obra do escritor Vicente Guimarães, considerado o sucessor de Monteiro Lobato na literatura dedicada às crianças, destacando a figura de “João Bolinha” e de “Vovô Felício”, principais personagens de sua obra3. […]

Mangueira mostrará mundo de Monteiro Lobato em seu enrêdo para o carnaval-67

A Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, mantendo a tradição, lançou ontem numa festa dedicada a N. S. da Conceição seu enrêdo para o desfile do carnaval de 1967: O Mundo Encantado de Monteiro Lobato. O Presidente da Mangueira, Sr. Juvenal Portela, afirmou que a Escola não quer sair prejudicada no próximo ano e deseja um juiz para cada item e um julgamento justo e correto. “A Mangueira não quer ganhar o carnaval em gabinete, e sim no asfalto da Avenida.”

AMOR E ENRÊDO

O Sr. Juvenal Portela disse que o amor à verde-rosa faz com que os mangueirenses apertem até os cintos para que a escola apresente ao povo do Rio sua beleza, nas fantasias, no capricho e no bom gôsto.

— Em Mangueira empenha-se até dentadura para que a escola desfile com tôda a dignidade e elegância de sua tradição.

O enrêdo escolhido tem como espírito básico “homenagear um dos quatro maiores autores de literatura infantil do mundo, calcando-se nos 22 livros de Monteiro Lobato.”

Serão apresentados três carros alegóricos, com personagens do escritor, figuras da História e o próprio Monteiro Lobato em seu gabinete de trabalho. Reinações de Narizinho será um dos destaques, representando um baile no Reino das Águas Claras onde Narizinho aparecerá em vestido de baile ao lado do príncipe escamado.

Mangueira reunirá na Avenida Presidente Vargas, sob suas fantasias verde-rosa, mais de quatro mil pessoas, entre as quais Gigi da Mangueira, Jamelão, Clementina de Jesus, Delegado da Bateria.

SAMBA

O Presidente da Ala dos Compositores Sr. Djalma Gomes, informou que êste ano foram inscritos 11 sambas. A primeira eliminatória será feita dia 17, quando os próprios autores eliminarão oito músicas. No dia 30 haverá o julgamento final entre os três restantes e o samba vencedor será apresentado ao público numa festa dedicada à Ala da Bateria4.

Mangueira abrirá ao povo os livros infantis de M. Lobato

A obra infantil de Monteiro lobato, composta de 22 volumes, será folheada perante o público pela Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira, na passarela da Avenida Presidente Vargas, durante o super-campeonato do Carnaval de 1967. A Escola que se orgulha da ser a “conservadora do samba”, nas palavras do seu presidente, Juvenal Lopes, mostrará desde Narizinho, Visconde de Sabugosa, Emília, Tia Nastácia, Rabicó, Dona Benta e o Burro Falante ao mundo do Sitio do Pica-pau Amarelo.

Algumas passagens do enrêdo, entretanto, serão reveladas sòmente durante o desfile, ressaltam os dirigentes da Escola. A idealização do argumento e alegorias, bem como os figurinos, estão a cargo da dupla Milton Ribeiro e Telmo de Jesus Pereira, assessorados por Julinho, tradicional figura daquela agremiação.

QUADROS

Os quadros que serão apresentados têm figurinos projetados com requinte oriental e, no caso, a de Narizinho, o Fundo do Mar (no “Baile do Reino das Águas Claras”), as brilhantes fantasias como a do Sol, Lua, Saturno e Via Láctea, os carros alegóricos fulgurantes como o do Comêta cavalgados pela Emília, Pedrinho e outras figuras do “Mundo Encantado de Monteiro Lobato”, primam pelo bom gôsto e beleza plástica. O desfile dos povos da Antiguidade, com seus trajes representativos, e os habitantes do Sítio do Pica-pau Amarelo que Dona Benta convidou de todos os cantos do mundo, serão outros quadros que a Mangueira irá levar ao asfalto da Avenida Presidente Vargas, objetivando o movimento das fábulas e estórias “numa cinemática fabulosa, transpondo as barreiras da percepção e deixando, a todos os que assistirem ao desfile, no limiar de dois mundos: o real e o imaginário”.

OBRAS

O enrdêo abrangerá tôda a obra do escritor paulista dedicada infância, assim compreendida: Reinações de Narizinho, Viagem ao Céu, O Saci, Aventuras de Hans Staden, As Caçadas de Pedrinho, História do Mundo para Crianças, Emília no País da Gramática, Peter Pan, Aritmética de Emília, Geografia de Dona Benta, História das Invenções, Dom Quixote das Crianças, Memórias da Emília, O poço do Visconde, Serões de Dona Benta, História de Tia Nastácia, O Pica-pau Amarelo, O Minotauro, A Chave do Tamanho, Fábulas, Os doze Trabalhos de Hércules e a Reforma da Natureza5.

“Quando uma luz divinal…”

MANGUEIRA VAI DEIXAR CAIR!

Ao mesmo tempo em que escolhia o samba-enrêdo6 “Exaltação a Monteiro Lobato” e prestava grande homenagem ao Flamengo, a Escola de Samba Estação Primeira. ne Mangueira, que realizou espetacular ensaio em sua quadra da Rua Visconde de Niterói, domingo à noite, voltará amanhã a reunir seus integrantes para nova noitada de samba autêntico, com a festa intitulada “Vou Deixar Cair”, promovida pela ala de passista oficial da verde-e-rosa.

Durante a festa em homenagem ao “Mengo”, que se prolongou até a madrugada de ontem, coube a um corpo de jurados altamente categorizados, apontar a composição de autoria do trio Luís-Darci-Batista, para mostrar na música, o enrêdo “Exaltação a Monteiro Lobato”. Trata-se de um samba bonito que, conta em uma de suas estrofes, o seguinte: “Glória a êste grande sonhador / Que o mundo inteiro deslumbrou / Com suas obras imortais / Vejam quanta riqueza exuberante / Na escritura emocionante / Com seus contos triunfais / Os seus personagens fascinantes / Nas histórias tão vibrantes / Da literatura infantil / Enriquecem o cenário do Brasil”.

E, foi cantando com grande empolgação que o samba rolou na Mangueira, onde, amanhã voltará a sacudir a poeira da quadra.

Trata-se de uma promoção da ala de passista oficial da Mangueira, a festa de amanhã no “Maracanã do Samba”. Ali estarão eletrizando os visitantes e convidados, a espetacular Pururuca, e os extraordinários Miro, Carlos Alberto, Jair, Almir e Rosemir, todos passistas de elevado gabarito, que esperam conquistar mais glórias para Mangueira.

Entre as figuras que serão homenageadas na festa “Vou Deixar Cair”, estará o jornalista Antônio Lemos, redator-carnavalesco de LUTA DEMOCRÁTICA7.

Mangueira e Salgueiro elegem seus sambas-enredos para 1967

As Escolas de Samba Estação Primeira de Mangueira, Acadêmicos do Salgueiro e São Clemente já escolheram — durante o fim de semana — os sambas-enredos para o carnaval de 1967 em concurso que reuniram, em cada uma, os três melhores sambas já escolhidos anteriormente pelas comissões julgadoras.

Na Mangueira venceu o compositor Darci (parecia com Luis e Batista) em decisão que agradou a todos. A vitória na São Clemente coube a Paulo Granada (com César e Leônidas), enquanto que no Salgueiro, em noite de festa no domingo, o vencedor foi Aurinho da Ilha com História da Liberdade no Brasil, tema do enrêdo dos Acadêmicos.

OS ENREDOS

A Estação Primeira de Mangueira escolheu para êste ano o enrêdo O Mundo Encantado de Monteiro Lobato. O samba vencedor, de Darci, Luis e Batista, inicia relembrando a imaginação do grande escritor e afirma que a obra do poeta, “sublime relicário da criança”, ainda está guardada no coração de todos.

O enredo contará a história de tôda a obra de Monteiro Lobato, desde as Reinações de Narizinho até Memórias de Emília, passando por Viagem ao Céu, As Caçadas de Pedrinho, Emília no País da Gramática, Peter Pan, Geografia de Dona Benta, Os Doze Trabalhos de Hércules, Serões de Dona Benta, O Minotauro, O Poço do Visconde, O Saci, Aventuras de Hans Staden, História do Mundo para Crianças, Aritmética de Emília, História das Invenções, Dom Quixote das Crianças, História de Tia Anastácia, O Pica-Pau Amarelo, A Chave do Tamanho, A Reforma da Natureza e as Fábulas8.

Mangueira já tem samba sôbre “O Mundo de Monteiro Lobato”

A Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira já tem o samba para o se enrêdo sôbre «O Mundo Encantado de Monteiro Lobato», de autoria do trio Darcy, Luiz e Batista. A Mangueira desfilará êste ano com três mil figurantes, compondo 56 alas, e irá apresentar ao público da Avenida Presidente Vargas, entre outras atracões, a volta da Gigi, a francesinha Anick Malvil e Mocinha, madrinha dos compositores. Carlinhos, o pandeiro de ouro do IV Centenário, e passistas do nível da Pururuca são outros nomes que formarão as alas da Escola «verde e rosa».

A Mangueira que está ensaiando em sua quadra à Rua Visconde de Niterói, às quintas, sábados e domingos, tem a seguinte letra para o samba-enredo: «Quando uma luz divinal/Iluminava a imaginação/De um escritor genial/Tudo era maravilha/Tudo era sedução/Quanta alegria/E fascinação/Relembro…/Aquêle mundo encantado/Fantasiado de doirado/Oh! doce ilusão./(Bis): Sublime relicário de criança/Que ainda guardo como herança/No meu coração. II — Glória a êste grande sonhador/Que o mundo inteiro conquistou/Com suas obras imortais./Vejam quanta riqueza emocionante/Na escritura exuberante/Com seus contos triunfais./Os seus personagens fascinantes/Nas histórias tão vibrantes,/Da literatura infantil/Enriquecem o cenário do Brasil./Côro: E assim…/Neste cenário de real valor/Eis… O mundo encantado/Que Monteiro bato criou (Bis)».

O enredo da Escola é baseado nas 22 obras infantis de Monteiro Lobato e, no desfile pela Presidente Vargas, serão mostrados desde Narizinho, Visconde de Sabugosa, Emília, Tia Nastácia e o Burro Falante ao mundo do sítio do Pica-pau Amarelo9.

Samba da Mangueira parou Luís e Batista

O RITMO PREDILETO

A escolha do melhor samba-enredo para o carnaval dêste ano na Estação Primeira de Mangueira criou sérios problemas para a Superintendência de Transportes Coletivos e o Ministério da Aeronáutica, pois os compositores do samba vencedor — Luís e Batista — paravam de trabalhar “sempre que chegava a inspiração”, sofrendo diversas advertências de seus chefes.

O outro parceiro dos compositores — que ganharam pela primeira vez o concurso de sua Escola — chama-se Darci e é motorista de praça, mas também teve problemas porque “alguns passageiros pensavam que estava ficando maluco quando dava a inspiração e eu começava a cantar”. Tem uma esperança secreta: espera que algum dia um compositor de nome ou grande cantor entre em seu táxi, escute uma melodia de sua autoria e lhe dê uma oportunidade.

PARA FAZER ENRÊDO

A Estação Primeira de Mangueira, como sempre, fêz concurso para escolher a letra e a melodia de seu samba-enredo, cujo tema é O Mundo Encantado de Monteiro Lobato. Luís — que é funcionário da Superintendência de Transportes Coletivos — é da Ala dos Compositores da Mangueira desde 1964. É dos mais jovens compositores e foi levado para a Mangueira por Pelado, um compositor antigo várias vêzes autor dos sambas-enrêdos.

O discípulo êste ano derrotou o velho mestre, que ficou em segundo lugar. Há muito tempo Luís faz samba, mas “me faltava coragem para divulgar e guardava tudo dentro de uma gaveta”. A maioria está perdida hoje. Em 1964 fêz um de parceria com Pelado com o título de Celeiro de Bamba, e em 1965 fêz a primeira parceria com Batista, que se chamou Arrasta a Sandália.

No concurso do ano passado os três amigos fizeram o primeiro samba juntos, Exaltação a Vila-Lôbos, que ficou em segundo lugar, perdendo para o de Comprido e Pelado. Afirmam que “perderam, mas perderam para um samba bom”.

Dispostos a ganhar o concurso dêste ano, êles escreviam sempre que sentiam vontade, o que lhes deu sérios problemas no trabalho porque simplesmente largavam tudo que estavam fazendo para escrever. Batista é mecânico-operador do Ministério da Aeronáutica e sempre foi da Mangueira. Está na Ala dos Compositores desde 1960, sempre competindo com os grandes sambistas da Escola, entre êles Padeirinho, Jorge Zagaia, Nélson Sargento, Pelado, Marrêta, Cartola e Carlos Cachaça, entre outros, sem nunca conseguir a vitória.

A experiência adquirida nos concursos anteriores valeu-lhe agora, pois Batista mais de mil vêzes vetou a primeira parte do samba que ganhou “porque ainda não está bom para ganhar”. As vezes os três passavam a noite inteira escolhendo a palavra adequada, em busca do “que ficaria bom”.

As noites de sono perdidas, os vetos implacáveis na procura da melhor expressão, o esforço continuado e os problemas criados no trabalho “foram compensados pela vitória que conseguimos”, afirmam êles10.

ALEGRIA INFANTIL É O TEMA ADULTO PARA MANGUEIRA

Quando o carnaval ainda não era a mais importante promoção turística da cidade, a Estação Primeira de Mangueira já desfilava na Presidente Vargas. Tantas vêzes foi campeã que Neuma Gonçalves, sua mais antiga pastôra, já não se lembra mais quantas vêzes levou para sua casa o troféu da vitória.

Neuma está agora com 44 anos e não desfila mais na noite do carnaval mas sua Mangueira querida voltará ao asfalto êsse ano, como sempre, como uma das favoritas. Seu enrêdo é O Mundo Encantado de Monteiro Lobato e seus 4 mil passistas, vestidos com o verde e rosa tradicional estarão na Avenida, sob os olhos vigilantes de Neuma — que não arreda pé de seu lugar sem ver a Mangueira passar — para tentar levar, novamente, o primeiro lugar.

NEUMA DA MANGUEIRA

Quando se aproxima o carnaval os moradores do Morro da Mangueira esquecem “o lado de lá da Mangueira” — como diz Neuma para falar das dificuldades, tristezas e lutas dos favelados de seu morro querido, eternamente esquecidos pelos politicos — e a apresentação da escola passa a ser a sua única preocupação.

Reuniões, brigas, discussões, e, às vêzes, tapas e bofetões antecedem a apresentação da Escola no desfile da Presidente Vargas. Para Neuma — que é filha do fundador e primeiro Presidente da Mangueira — “as discussões necessárias e é por causa delas que nós fomos tantas vêzes campeões”. Ela não faz parte da Diretoria da Escota, hoje em dia, mas sua voz é a mais válida e, geralmente, todos acabam fazendo sua vontade quando se chega a um impasse.

Êsse ano, porém, não há crises sérias como antigamente — é Neuma quem conta — pois a situação da Mangueira “está muito boa” e há muita esperança de todos na conquista do título. O samba, de autoria de Darci, Luis e Batista, da Ala dos Compositores da Mangueira é um dos mais melodiosos de todos os sambas-enrêdo que vão disputar o carnaval dêsse ano, e o enrêdo, por si só, uma garantia de sucesso.

UM MUNDO DE CRIANÇA

A obra de Monteiro Lobato, 22 livros escritos para as crianças do Brasil, estará na Avenida êsse ano e cada página será revelada ao público “como o folhear de um livro fantástico de personagens vivos”, fato que na opinião de Neuma “será uma beleza”. Reinações de Narizinho abrirá o desfile que os sambistas da Mangueira descrevem assim: “Quando uma luz divinal/ iluminava a imaginação/ De escritor genial/ Tudo era maravilha/ Tudo era sedução/ Quanta alegria/ E fascinação/…”

E os príncipes encantados, fadas, viscondes de Sabugosa, Emilia montada num comêta, Pedrinhos, Narizinhos, tias Nastácias, donas Bentas, Rabicós, Quindins, o Burro Falante, os habitantes do sítio do Pica-pau Amarelo (vindos de todos os cantos do mundo) e o Baile do Reino das Águas Claras, no fundo do mar, desfilarão, uns após os outros, cantados por Darci, Luis e Batista.

“Relembro…/ Aquêle mundo encantado/ Fantasiado de doirado/ Oh, doce ilusão/ Sublime relicário de criança/ Que ainda guardo como herança/ No meu coração”.

E a imaginação de Lobato levará o samba ao céu em Viagem ao Céu, depois à lenda com O Saci, Aventuras de Hans Staden, As Caçadas de Pedrinho e a História do Mundo para Criança, passando pela viagem de Emília no País da Gramática, até Peter Pan com dezenas de destaques, desde O Príncipe Escamado até Atila o Rei dos Hunos que será apresentado durante a descrição dos povos da Antiguidade nos seus trajes mais representativos.

Seis mil metros de fazenda só para as fantasias que as baianas da Mangueira usarão para cantara “Glória a êste grande sonhador/ Que o mundo inteiro deslumbrou/ Com suas obras imortais/ Vejam quanta riqueza exuberante/ Na escritura emocionante/ Com seus contos triunfais/ Os seus personagens fascinantes/ Nas histórias tão vibrantes/ Da literatura infantil/ Enriquecem o cenário do Brasil”/…

O desfile de um mundo inteiro de fantasias para crianças continua com Aritmética da Emília, Geografia de Dona Benta, História das Invenções — que refletem a preocupação maior da obra de Lobato que foi educar seu povo — antecedem à apresentação de Don Quixote para Crianças, O Poço do Visconde, Serões de Dona Benta, História de Tia Nastácia, O Pica-Pau Amarelo, O Minotauro, A Chave do Tamanho, Fábulas, Os Doze Trabalhos de Hércules e A Reforma da Natureza.

Quem não se lembra do homem que resolveu, em sua reforma particular da natureza, colocar as melancias em árvores? Acordado de seu sonho por uma pequena fruta que caíra da árvore sob a qual dormia, êle chegou à conclusão que estava tudo certo na natureza pois se fôsse uma melancia…

E o samba vai chegando ao seu final “E assim…/ Neste cenário de real valor/ Eis… O mundo encantado/ que Monteiro Lobato criou”/. Gigi da Mangueira, Delegado, Neuma Gonçalves na arquibancada torcendo e o prestigio da velha Mangueira tradicional são as armas dos verde e rosa do morro da Mangueira, onde Noel Rosa se escondia quando queria descansar, para tentar levar mais um título de melhor Escola de Samba do Rio. Se depender do enrêdo a Mangueira será campeã, êsse ano11.

AS BELAS ARTES DA VERDE E ROSA

Quem fala da Estação Primeira de Mangueira — multicampeã do carnaval — lembra logo dois nomes, o da Neuma, a mais antiga pastôra verde e rosa, e de Júlio de Matos, o Julinho, artista pobre que há vários anos faz as alegorias da Escola, que, por sua beleza, muitas vêzes já decidiram o título a favor da Mangueira nos desfiles da Presidente Vargas.

Êsse ano, como sempre, Julinho já está com quase tudo pronto, para tentar mais um título: o enrêdo da Mangueira é O Mundo Encantado de Monteiro Lobato, e os passistas e pastôras da Estacão Primeira contarão na Avenida os 22 livros pra crianças que Lobato escreveu e Julinho entrará com as alegorias da Escola “para tirar nota 10, outra vez”.

A LIÇÃO DO ANO PASSADO

No ano passado Julinho trabalhava tranquilamente em sua oficina particular, para fazer as alegorias de Homenagem a Vila-Lôbos, quando, de repente, um incêndio acabou com seu barracão e quase o matou. Julinho, apesar de estar com as mãos feridas ainda conseguiu ajudar seu pai a sair pelo telhado.

O cenário da Mangueira para o carnaval estava completamente destruído e chegou a correr o boato de que a Mangueira não poderia desfilar, mas amor de Julinho pela Escola e sua dedicação conseguiram, em apenas 10 dias, refazer tudo e a Mangueira saiu. Não ganhou o carnaval mas não foi por causa das alegorias, que estavam lindas.

O incêndio nunca ficou bem esclarecido, mas o certo é que a lição do ano passado serviu de alerta, e êste ano a Mangueira começou a trabalhar cedo no setor e, para evitar novos acidentes, resolveu utilizar um lugar secreto para fazer e guardar seus carros. Agora está tudo pràticamente pronto, e Julinho já pode revelar: os carros estão no Pavilhão de São Cristóvão, abrigados “até contra a macumba”.

A História do Mundo para Crianças livro em que Monteiro Lobato ensina como nasceu a Terra, desde a primeira galáxia até a participação do Brasil na II Guerra Mundial, passando pela fundação de Roma e a fabulosa civilização grega, e ainda uma homenagem ao Imperador D. Pedro I fazem parte de um dos carros alegóricos.

Monteiro Lobato aparece sentado, em forma de estátua, escrevendo e tendo à sua frente o símbolo da cultura nacional com mais de um metro de altura, na outra alegoria da Estação Primeira de Mangueira. A terceira alegoria é o maior segrêdo da escola para o desfile do carnaval dêste ano e Julinho afirma que “essa eu não conto nem para a minha mulher, mas todos gostarão, tenho certeza, quando o carro estiver na Avenida todo iluminado”12.

SAMBA SE APRENDE É NAS ESCOLAS

MANGUEIRA
Texto de ARY VASCONCELOS

Para os mangueirenses a vitória no Carnaval de 67 está escrita, não em bolas de cristal, mas nos pés do velho Maçu, fundador da escola: sapatos rosa com biqueira verde. Juvenal Lopes, Djalma dos Santos, Jorge Pompéia, José Balalaika, Rubens Ciro Ramos de Moura, Cícero dos Santos — enfim, todos baluartes da querida Manga só têm um pensamento: vencer êste ano. O problema da porta-bandeira está resolvido com a volta de Neide, e quando ela entrar na Avenida, conduzida pelo Delegado, a Presidente Vargas vai tremer como gelatina. “Mocinha”, que ano passado tão bem substituiu Neide, vai brilhar novamente, mas agora como madrinha da Ala dos Compositores. O enrêdo oferece possibilidades mil para os artistas da escola: “O Mundo Encantado de Monteiro Lobato”, todo um universo de côres e formas habitado por gente muito querida das crianças de todo o Brasil. Sôbre êsse tema os compositores Darcy, Luís e Batista, todos da nova geração, fizeram um samba-enredo lindo-lindo, que vai também maravilhar a Presidente Vargas. Não vai ser mole: 4500 figurantes vão compor o maior desfile já realizado até hoje por uma Escola de samba. Só a bateria, sob a batuta stokowskiana do Mestre Valdemiro, inclui 180 figuras e nela seu regente só deixa entrar instrumento de homem: surdo, surdo de repicar, tarol, caixa-de-guerra, cuíca, pandeiro, agôgô, reco-reco, cabaça, tamborim, sino e chocalhos. A turma da harmonia, com Olivério (Xangô), Afonso, Genésio, Leléu, Zagaia e José Carlos, vai deixar cair. A comissão de frente, formada pelos 15 figurantes da Ala dos Duques, vai ser uma coisa. Outras grandes atrações da Mangueira para 67: Gigi (de volta após dois anos de ausência muito sentida), Anik Malvil, os jogadores Almir (na bateria) e Denílson (na ala “Só Vai Quem Pode”), os pandeiristas Carlinhos e Rogério, Professor Leopoldino e seus Capoeiras. É, senhores, êste ano a velha Manga vem pra quebrar: 46 alas masculinas e mais de 50 femininas. Nada menos de 90 passistas e ritmistas integrarão outra ala sensacional: “Vê se Entende”. E cêrca de 200 figuras integrarão talvez a mais bela ala da Escola: a das Baianas. A subvenção oficial é de 7 milhões, mas nem 500 milhões de cruzeiros dariam para cobrir as despesas do carnaval suntuoso de Mangueira. O repórter quer saber maldosamente do presidente Juvenal Lopes (que está com o coração estourado de tanto bater por Mangueira) se sua Escola desfila para o povo ou para os juízes. Mestre Juvenal é incisivo: “Mangueira desfila para o povo. Não temos medido sacrifícios para dar tudo quanto existe de melhor a êste grande povo da Guanabara, que tanto nos incentiva. O Carnaval tem nos fugido, mas estamos trabalhando para ver se desta vez a sorte nos favorece. E temos fé que teremos, êste ano, homens dignos e competentes na Comissão Julgadora”. Falemos agora nos passistas de Mangueira, certamente o “fino” na matéria: Almiro, Carlos Alberto, Jair, Bulao, Roxinho, Joé Maria, Regina, Pururuca e os garotos José Mirclim, Wanda, Mosquito, Gracinda, Grilo, Rosângela etc. Em matéria de pandeiro, Carlinhos, Rogério e Pimpolho garantem acabar com o baile. Enfim, Mangueira é entusiasmo puro e, se você tem dúvidas sôbre o bonito que a verde-rosa fará êste ano, dê uma chegada ao bar de Efigênia e Pedro Balbino, entre no Buraco Quente, vá filar uma sopa em casa da “Mocinha” (Rivaieda Nascimento de Souza, que desfilou pela primeira vez com a Mangueira aos três meses de idade), freqüente a quadra da Rua Visconde de Niterói às quartas, sextas, sábados e domingos, telefone para o Cartola, entreviste o velho Maçu ou o Carlos Cachaça. A vitória em 67, como diz um samba mangueirense, vai ser da Estação Primeira, “nem que chova canivete”13.

MANGUEIRA VAI BOTAR PARA DERRETER HOJE!

Quem viu a tradicional “Verde Rosa” no ano passado exaltando Vila Lôbos, terá certamente dificuldades em acreditar que o carnaval dêste ano, seja superior. Mas será melhor que o anterior, em todos os pontos. Esta conclusão foi feita, por nada mais faltar para o grande desfile do dia 5 na Presidente Vargas, a não ser pequenos retoques. Êste ano não ocorreram os prejuízos do ano passado em que os carros alegóricos se incendiaram faltando 10 dias para o carnaval e o forte temporal de janeiro forçou o afastamento de vários sambistas e a Mangueira teve que fazer parte na campanha filantrópica de ajudas as vítimas da enchente.

As alas

Das baianas, êste ano, organizadas pelo dinâmico Cícero, tesoureiro vem com um mínimo de 660 figuras ricamente trajadas; Tinguinha, Valdomiro e Jorge, diretores da Ala da Bateria, em hipótese alguma admitem outra nota a não ser a máxima, como vem obtendo há vários anos. Isso porque êste ano redobraram os esforços em organizar os treinamentos. As demais alas, ao todo 52, estão tôdas prontas e tranquilas, esperando o dia do grande desfile, onde mostrará ao povo em geral que realmente a velha Mangha sempre foi pêso pesado. Entre muitas novidades em se tratando de alas, são 7, criadas êste ano e pela primeira vez se apresentarão impecàvelmente vestidas.

Destaques

Cêrca de 70 destaques darão as maiores dores de cabeça aos modistas, porque vem botando para derreter. Já podemos dizer que os sambistas Galego, Cotinha, Nininha, a mais antiga da escola e que a diretoria vem tendo todo cuidado com a confecção de sua fantasia, margarida e muitos outros, serão coisas inéditas no carnaval em se tratando de luxo e beleza.

Alegorias

Depois de passar 30 dias, sem tempo para fazer a barba. Êle ficou demasiadamente otimista: Julinho, o genial artista que a Mangueira foi buscar no Paraiso do Tuiuti. Os carros alegóricos mostram realmente o mundo encantado de Monteiro Lobato.

Samba

Problema sério que a Mangueira enfrenta todo ano, é para escolher o samba-enredo. Isso acontece porque tem uma ala com 62 compositores que primam pelo nome da escola, dando o máximo na composição dos sambas, tornando-se assim difícil escolher um, porque todos são bons. este ano a escola caiu no samba do famoso trio: Darci-Luís-Batista que, há anos, no julgamento da escola, vinham chegando na final. Desta feita foi aclamado por unanimidade como o samba oficial do concurso. Já se começa a ouvir por todos os cantos da cidade o samba que é um primor de melodia. Eis a letra: […]

Festas

Por outro lado, até o grande ensaio geral, tôdas às noites haverá festas na quadra de ensaios da Mangueira, já denominada Maracanã do Samba, na Rua Visconde de Niterói, 1082. Hoje, o samba correrá por conta dos integrantes da ala dos endiabrados; amanhã tocará a vez dos compositores da ala dos bacanas; sexta-feira as cuícas roncarão por ordem da ala dos compositores e nos dias 25 e 30, por determinação das alas Nós Somos Assim e da Firmeza, respectivamente, conforme revelaram os relações-públicas Jorge Pompéia e Acir Geraldo14.

67 CADA ESCOLA UM CARNAVAL

Surdos, cuícas, agogôs e tamborins marcam o ritmo das cabrochas e dos passistas. De Madureira a Vila Isabel, de Lucas à Tijuca, as quadras se povoam, se transformam no centro de atração dos sambistas. Uma coreografia alucinante tomou conta dos morros. As favelas entraram na cadência da música; e agora, com os últimos ensaios, começou a arrancada final: costureiras dão os últimos pontos nas verdadeiras maravilhas de lentejoulas, contas, pailletés e miçangas dos destaques, feitas para deslumbrar o povo da planície e os estrangeiros curiosos. Em galpões improvisados, milhares de pessoas dão os últimos retoques nas alegorias que representam, principalmente, esperanças e sonhos de todo um ano.

Reportagem de EDISON CABRAL e SÉRGIO ALBERTO e Fotos de MOACIR GOMES

TUDO já está pronto para a grande batalha. As alas já estão formadas, as baterias já podem entrar em ação e os porta-estandartes, os mestres-de-sala e os destaques já foram escolhidos. Dentro de poucos dias, as dez maiores do samba estarão na Presidente Vargas,  para uma competição que de ano para ano se torna mais difícil.

A Ortodoxa Mangueira — Samba é assunto de sambista e tem que ser autêntico, nascido e desenvolvido em seu próprio meio. É assim que Mangueira sempre pensou e vai continuar pensando. A Escola da Estação Primeira é do samba verdadeiro, puro, autêntico. Para os mangueirenses, o grande prêmio do carnaval é um acidente, agradável e sempre bem recebido, é certo, mas nem por isso o principal objetivo. O importante mesmo é o culto do samba, em tôrno do qual a grande favela se une com entusiasmo no trabalho de todo um ano.

O “Mundo Encantado de Monteiro Lobato” será êste ano o enrêdo da Escola da Rua Visconde de Niterói, que vai levar às ruas as figuras do “Visconde de Sabugosa”, “Emília”, “Dona Benta”, “Pedrinho”, “Tia Nastácia” e até as do “Burro Falante”, de “Quindins” e de “Rabicó”. Todos os habitantes do sítio do Pica-Pau Amarelo desfilarão pela Presidente Vargas, ao compasso do samba de Darci, Luís e Batista, que fala do “sublime relicário de criança/ que ainda guardo como herança”.

Quatro mil passistas, divididos em 65 alas (muitas das quais só de crianças), defenderão o tradicional verde e rosa da Estação Primeira, que será a penúltima a desfilar. Os figurinos são de Julinho (Júlio Matos) e já estão pràticamente prontos. A Escola está ensaiando aos sábados e domingos15.

Mangueira está mandando brasa

Oferecendo um show da espetacular sambista Maria Helena, a já famosa Pururuca, a Escola de Samba Estação Primeira, de Mangueira, realizou na noite de ontem, na quadra de ensaios da Rua Visconde de Niterói, o seu primeiro ensaio-geral, homenageando os jornalistas Antônio Lemos, Manoel Abrantes e Salvador Batista. Mas, o samba ainda não parou de rolar na Mangueira, que hoje à noite, no Pavilhão de São Cristóvão, realizará o segundo grandioso ensaio, em benefício de tôdas as alas que tiveram suas festas prejudicadas pelas chuvas. Êste apronto que iniciará às 21 horas, tem como finalidade principal integrar todos os componentes da simpática verde-e-rosa aos últimos detalhes do bonito enrêdo Mundo Encantado de Monteiro Lobato, que mostrará na passarela asfáltica da Avenida Presidente Vargas, disposta a arrebatar o título.

“Pururuca” e “China”

O ensaio-geral de hoje está sendo considerado como a grande festa de encerramento dos preparativos. E por esta razão, os sambistas Carlos Alberto, Pururuca e China, prometem sacudir a moçada com um show de classe e categoria, ao lado da fabulosa Mariinha, do tamborim, que decidiu integrar os quadros da Mangueira, que está mandando brasa!16

O DESFILE…

NEM A CHUVA ARREDOU O POVO DO SUPERDESFILE DO SAMBA

Apesar da chuva que caiu antes e durante o desfile dos clássicos atrasos na apresentação das agremiações, a última das quais começou a exibir-se despois das 11 horas de segunda-feira, revestiu-se de esplendor e grande vibração popular o certame das escolas de samba na Avenida Presidente Vargas. As seis principais escolas ofereceram aos milhares de espectadores espetáculos realmente magnificantes, provocando aplausos que se fizeram ouvir, com calor redobrado, já de manhã, quando o ritmo característico da Estação Primeira de Mangueira começou a ser ouvido na Candelária. […]

O ESPETÁCULO — A Estação Primeira de Mangueira, embora aplaudida de pé pelo público, não foi muito feliz. A chuva danificou parcialmente algumas das suas alegorias e as fantasias ficaram a dever em comparação com as da Império Serrano e da Unidos de Vila Isabel. Fraca, também a letra do samba. De qualquer modo, a Mangueira, com “Mundo Encantado de Monteiro Lobato”, é uma das favoritas, pelo menos na opinião do público.

OS JURADOS — A comissão julgadora esteve constituída pelas seguintes personalidades: Ricardo Cravo Albin — bateria, Chico Buarque de Holanda — enrêdo e letra do samba; Johny Franklin — coreografia de mestre-sala e de porta-bandeira; Ana Martins — fantasia e comissão de frente; Ítalo Oliveira — alegorias; Aloísio Magalhães e Danúbio Galvão — desfile; Diva Pierante — harmonia e melodia17.

Mangueira pode ganhar o 1° lugar na contagem de pontos

A Estação Primeira de Mangueira, embora perdendo alguns quesitos, deverá ser apontada em primeiro lugar na contagem de pontos dos mapas que serão abertos hoje, às 16 horas, no auditório da Polícia Militar ou no Maracanãzinho, ficando o segundo lugar entre a Portela — a mais provável — e os Acadêmicos do Salgueiro, segundo levantamento feito ontem pelo JORNAL DO BRASIL.

A Portela, mesmo perdendo o bicampeonato, deverá conquistar os troféus de melhor bateria, melhor enrêdo, melhor mestre-sala e porta-bandeira empatada com mais três adversárias — e, possivelmente, alegorias. Pelo que se apurou, os quatro primeiros lugares deverão ser ocupados pelas chamadas quatro grandes.

PERSPECTIVAS

Depois de seis anos, pois conquistou seu último título em 1961, com o enrêdo Rio Antigo, a Estação Primeira de Mangueira, deverá — quase com certeza — levantar o campeonato das grandes escolas com o tema O Mundo Encantado de Monteiro Lobato. Essa conquista se deve aos quesitos harmonia e melodia, marcando notas máximas, bateria, com nove pontos, mestre-sala e porta-bandeira, também com graus máximos, evoluções e conjunto e em desfile.

A impressão de alguns jurados — que não adiantaram as suas notas para não quebrar o sigilo — é de que “haverá equilíbrio entre as quatro grandes”. No entanto, é certo que a Sr.ª Diva Pieranti, que julgou harmonia e melodia, descontou muitos pontos da Portela.

Durante a abertura dos envelopes e a leitura das notas haverá muitas reclamações, uma vez que são poucas as notas dez conferidas, havendo uma série de pontos pequenos, mesmo para as escolas que se colocarem na frente. O critério adotado por alguns juízes não permitiu que se desse o grau 10, limitando-se uns a dar como nota mais alta oito ou sete. As escolas Imperatriz Leopoldinense e Império da Tijuca deverão voltar ao grupo intermediário e isto graças a três boas notas que a Unidos de São Clemente conseguirá.

Para a maioria dos juízes o título está entre as quatro grandes escolas — Império, Mangueira, Portela e Salgueiro —, mas reservadamente, uns acham que, pelo início de sua apresentação, a Portela era a mais cotada. Outros eram da opinião de que a Mangueira deu uma aula de desfile, lembrando que a maioria da escolas partiu para uma coreografia “já conhecida dos turistas, que vieram ao Rio ver o que é samba puro”. Fizeram questão de frisar que a exceção foi a Mangueira e por isso lhe deram notas maiores.

Um dos juízes, responsável por dois dos mais importantes quesitos, disse que a Portela não fêz nada que justificasse o seu nome e apontou a Mangueira como a melhor, embora acreditasse que na soma dos votos a Acadêmicos do Salgueiro poderia chegar em primeiro. O quesito mais difícil de todos foi o de bateria, pois apenas uma das escolas não teve as duas maiores notas, a Império Serrano. A Mocidade Independente obteve a segunda nota, ao lado de duas outras grandes mas a Portela ficou com a melhor.

Esperança invadiu Mangueira

Os sambistas de Mangueira estão esperando o resultado do desfile das escolas de samba com muita confiança na vitória, apesar de muitos duvidarem dos jurados escolhidos pela Secretaria de Turismo, porque, mesmo achando que fizeram a melhor apresentação, não esquecem os anos anteriores quando, embora escolhidos pelo público e pela imprensa, acabaram classificados nos lugares inferiores.

O ambiente ontem em Mangueira era de expectativa pelo resultado que será divulgado hoje, principalmente porque a diretoria já recebeu os cumprimentos dos diretores de outras escolas, que reconheceram antecipadamente sua vitória. Mas sómente após a divulgação oficial do resultado é que serão tomadas providências para comemorar a vitória, que Mangueira vem perseguindo desde 1961.

ESPERANÇA

A casa de Nelma, a filha do sócio número um de Mangueira Sr. Francisco Ribeiro, estava ontem cheia de moradores do morro, que assistiam ao video-tape do desfile de domingo. Nelma, considerada uma verdadeira porta-voz da Estação Primeira, vibrava com a apresentação, mas, descrente com o julgamento dos anos anteriores, preferiu não dar um palpite sôbre o resultado.

Bastante satisfeita com o desfile, Nelma declarava que gostou quando o amplificador de som da escola queimou “porque aí nós levamos o samba no peito”. Embora não quisesse declarar que a Mangueira vencera, não escondeu que tinha grande esperança de ver sua Escola campeã do desfile dêste ano.

O Sr. Juvenal Lopes, Presidente da Mangueira, mostrava-se feliz porque, apesar de ter estado adoentado e, por isso, afastado dos ensaios de sua Escola, aguentara bem o desfile, sem nada sentir.

— Devemos agradecer muito e êsse povo generoso do Estado da Guanabara — dizia — que quando viu o nosso microfone quebrar cantou conosco o nosso samba, fazendo côro.

Lembrou Juvenal que a “derrota do ano passado ainda está atravessada na garganta” e que Mangueira tem perdido desfiles em que foi eleita pelo público e pela imprensa a melhor Escola, principalmente quando apresentou o enrêdo Casa Grande e Senzala.

— Não acredito que nenhuma outra Escola faça um carnaval igual àquele — afirmou o Presidente da Mangueira. — No entanto, a Estação Primeira acabou em quarto lugar.

Entretanto, Juvenal Lopes fêz questão de declarar que ainda acreditava “nos homens que julgaram o desfile”. Acha que a Escola foi muito infeliz com suas alegorias, que foram quase totalmente destruídas pelo temporal que desabou antes do desfile.

— Molhou tudo. Ficamos a noite tôda embaixo do viaduto da Praça XV tentando consertar o que a chuva tinha destruído.

Informou que o Prefeito de Taubaté enviou à Mangueira um ofício e uma medalha de agradecimento pela lembrança de homenagear Monteiro Lobato, natural daquela Cidade, e que se a Escola fôr campeã reunirá imediatamente a Diretoria para decidir o que será feito para comemorar a vitória.

ALEGRIA DE SAMBISTA

O Sr. Juvenal Lopes, embora tenha esperança na vitória, não quer considerar-se campeão antes da divulgação do resultado oficial, porque “no ano passado todos esperavam a nossa vitória e acabamos perdendo”.

— Urna é como mulher grávida: nunca se sabe o que está dentro.

Disse o Presidente da Escola que “ninguém faz carnaval para perder: cada um faz o melhor que pode para vencer e êste ano a família mangueirense se uniu mais do que nunca porque as derrotas já eram demais”.

— O samba é a nossa diversão, nosso cinema, nosso teatro. Qualquer garôto daqui sabe tocar um instrumento.

O Presidente da Estação Primeira contou que o “pessoal aqui trabalhou o ano inteiro preparando o seu carnaval, apertando o cinto para poder botar um bom carnaval na rua, pois a Escola é a nossa segunda família”.

Êste ano a Mangueira apresentou uma novidade que entusiasmou o público: uma bateria-mirim, composta de 30 garôtos e que, segundo o diretor de bateria da Estação Primeira, Valdomiro, “são os batedores de amanhã, e não são de show, mas de samba de verdade”.

Valdomiro atualmente tem 65 anos de idade e desde 1935 é diretor de bateria da Mangueira, lugar para o qual foi indicado pelo sócio número um da Escola, Sr. Francisco Ribeiro, pai de Nelma. Considerado um dos melhores diretores da Cidade, possui 18 troféus e um apito de ouro presenteado por Ari Barroso. Apésade outras escolas já terem oferecido até Cr $ 1 milhão para êle dirigir suas baterias, diz que não sai da Estação Primeira “porque eu sou é Mangueira”.

Conta Valdomiro que teve a idéia de formar a bateria-mirim quando viu os garotos do lugar batendo em latas. Percebendo que deveria fazer uma verdadeira bateria, treinou-os durante seis meses e agora acha que em pouco tempo a meninada “estará batendo até melhor que os grandes”.

Apesar do sucesso de sua bateria de garotos, Valdomiro não está satisfeito, pois acha que ela ainda não está perfeita. Para o próximo ano, pretende colocar mais 20 meninos, todos treinados por êle. E ainda mais: quer um diretor de bateria-mirim e também um mestre-sala e uma porta-bandeira mirins, para fazer evoluções diante da bateria dos garotos de Mangueira, todos com idade entre 10 e 14 anos. Com tudo isso, Valdomiro acredita que a garotada da Estação Primeira poderá chegar até a ultrapassar os sambistas adultos da Mangueira.

O diretor de bateria também acha que sua escola vem sendo injustiçada pelos jurados dos desfiles dos últimos anos, porque Mangueira tem-se apresentado “com muito destaque, muita cadência e muito ritmo, mas nada de show, só samba verdadeiro, de terreiro”.

PORTA-BANDEIRA

Uma das peças principais de uma escola de samba é a sua porta-bandeira, e êste ano uma das mais aplaudidas foi Neide, 1.ª porta-bandeira de Mangueira.

Neide estava ontem bastante contente e muito cansada pelos desfiles de domingo e de anteontem, na Avenida Presidente Vargas e em Campo Grande. Sua fantasia, pesadíssima, provocou-lhe diversas feridas na cintura e em baixo dos braços, mas não a impediu de sambar à vontade, o que até mesmo alguns diretores da Mangueira não acreditavam que pudesse fazer com tamanho pêso.

A 1.ª porta-bandeira de Mangueira estava bastante otimista e satisfeita pelo desfile de sua escola. Contou que vai ouvir a contagem dos votos pelo rádio e se a Estação Primeira vencer vai sair “direto para o morro para comemorar a vitória, até sem fechar a casa”. Nessas ocasiões, disse, há sempre uma vizinha amiga que se encarrega de tomar conta de sua casa18.

Mangueira samba por sua vitória

O mestre-sala Delegado e Pandeiro de Ouro Carlinhos puxaram, ontem à noite, o nôvo desfile de Mangueira, agora pela conquista do campeonato: o pessoal da Escola, que esperava ansioso nas calçadas da Evaristo, da Veiga, em frente ao quartel da PM — onde se reuniu a Comissão Julgadora — formou, ao ser anunciado o resultado, um bloco que percorreu várias ruas antes de comemorar a vitória, com muitos chopes, num bar do centro. Salgueiro e Império Serrano empataram em segundo, enquanto Portela, campeã do ano passado, ficou em sexto lugar, levando seu presidente, Nelson Andrade, a jogar a culpa nos juízes e ameaçar não desfilar em 1968 “se não fôr demitida certa gente do Turismo”.

VITÓRIA DE MANGUEIRA REVIVE CARNAVAL

A proclamação de Mangueira como campeã das escolas de samba, ontem, à noite, fêz reviver o carnaval em frente ao quartel da Polícia Militar, onde o pessoal que esperava o resultado formou um bloco, puxado pelo mestre-sala Delegado e pelo Pandeiro de Ouro, Carlinhos, percorrendo várias ruas até encontrar um bar para comemorar a vitória.

Salgueiro e Império Serrano empataram em segundo, Unidos de Lucas ficou em quarto, Unidos de Vila Isabel em quinto e Portela, campeã do ano passado, foi para o sexto lugar: seu presidente, Nélson Andrade, jogou a culpa da derrota nos juízes e ameaçou não desfilar em 1968, “se não forem demitidos alguns elementos da Secretaria de Turismo”.

APURAÇÃO

A contagem dos pontos das escolas de samba do primeiro grupo foi feita, às 19h30min, no anfiteatro do Quartel-General da Polícia Militar, na Rua Evaristo da Veiga. Já haviam sido divulgados os vencedores de frevos, ranchos, sociedades, blocos (1. °, 2. ° e 3. ° grupos), escolas de samba do 3. ° grupo. Pela ordem, deveria ser feita a contagem do 2. ° grupo das escolas, mais como centenas de pessoas aguardassem o resultado das grandes escolas na Rua Evaristo da Veiga, em frente ao quartel, e ainda dentro do pátio interno, e também porque o corte de luz se verificaria, no local, às 20h, a contagem das escolas do primeiro grupo foi feita antes.

NOTAS

A Mangueira vencedora, obteve as seguintes notas: bateria, 9; harmonia e meIodia, 10; fantasia, 10; comissão de frente, 10; enrêdo, 6; letra do samba, 6: porta-bandeira, 10; mestre-sala, 10; evolução, 6; conjunto, 6; alegoria; 6; desfile, (três notas), 4, 5 e 5.

O Salgueiro e Império Serrano mereceram as seguintes notas, respectivamente: bateria, 8 e 9; harmonia e melodia, 10 e 8; fantasia, 8 e 9; comissão da frente, 8 e 3; enrêdo, 7 e 6; letra de samba, 6 e 5; porta-bandeira, 9 e 10; mestre-sala, 9 e 10; evolução, 7 e 8; conjunto, 7 e 8; alegoria, 9 e 8; desfile (três notas); 3, 5 e 5, e 3, 4 e 5, com um total de 109 pontos ambas.

A Portela, obteve a nota máxima em bateria, mas não recebeu pontos em evolução e conjunto. No total recebeu 83 pontos. A Unidos Lucas somou 86 e a Unidos de Vila Isabel, 99 pontos. A Imperatriz Leopoldinense somou 49 pontos, contra 48 da São Clemente e 61 da Império da Tijuca. A Mocidade Independente de Padre Miguel, teve 76 pontos, ficando a sete pontos da Portela.

JúRI

O júri que deu a vitória à Mangueira foi o seguinte. Chico Buarque de Holanda (Compositor): bateria: Ricardo Cravo Albin (musicólogo e diretor do Museu da Imagem e do Som); harmonia e melodia: Diva Pieranti (soprano do Teatro Municipal); evolução: Carlos Leite; coreografia do mestre-sala e porta-bandeira: Johnny Franklin (bailarino); fantasias e comissão de frente: Ana Martins; alegorias: José Roberto Teixeira Leite; desfile: Ítalo Oliveira; Danúbio Galvão e Aluisio Magalhães.

CARNAVAL

Conhecida a vitória da Mangueira, os adeptos da escola, que aguardavam o resultado desde as primeiras horas da tarde, improvisaram um carnaval com um tamborim, frigideira e um reco-reco, mas logo depois surgiu Carlinhos, o “Pandeiro de Ouro”, que foi carregado pelos populares.

Cantando o samba da vitória — “O Mundo Encantado de Monteiro Lobato” — o grupo fêz evoluções em frente ao quartel da Polícia Militar durante alguns minutos, agitando as suas bandeiras verde e rosa que surgiram quando foi ouvido o primeiro grito de “ganhou Mangueira”. Com Carlinhos à frente, os vencedores de 1967 saíram da Rua Evaristo da Veiga e seguiram na contramão pela Avenida Rio Branco, depois de subirem sambando as escadarias do Teatro Municipal. Na altura da Rua do Rosário, o grupo subiu num palanque ainda não desmontado pela Secretaria de Turismo e durante alguns momentos sambou-se ali.

No fim do trecho reservado aos desfiles, integrantes da Mangueira entraram pela Avenida Tomé de Souza e Rua República do Líbano, chegando à Rua da Constituição, onde entraram num dos bares para beberem à vitória da sua escola19.

VENCE A MANGUEIRA: É SAMBA

Fala, Mangueira, fala, mostra a fôrça da tua tradição. O espírito de tôdas as músicas que consagraram o cenário que é uma beleza desceu, ontem, no reduto da verde e rosa, no Carnaval da vitória esperada e perseguida há seis anos. Com nota dez em vários quesitos e nove na bateria — o que não deixou de entristecer mestre Valdemiro Tomé Pimenta — a velha Mangueira tradicional comemorou o triunfo até o sol raiar. Juvenal Lopes, que desafiou a doença e a proibição médica, indo para o asfalto com a escola, podia até morrer — afirmou — depois do feito da verde e rosa. As cabrochas desceram o morro, mais uma vez, e ergueram os braços na hora do samba. O Mundo Encantado de Monteiro Lobato foi cantado mais uma vez. Gigi e Clementina de Jesus foram ovacionadas. A voz do povo — disseram — foi mesmo a voz de Deus: e o juri ouviu.

Povo Fala Por Deus Mas Mangueira Vence no Samba

Até as primeiras horas da manhã de hoje poderia ser escutada a bateria de Mangueira, tocando o samba-enrêdo «O mundo encantado de Monteiro Lobato», que na opinião do presidente da Ala dos Compositores, foi a estrêla boa que levou para a verde e rosa o campeonato esperado há seis anos. As palavras de Djalma Gomes foram acrescentadas as de Juvenal Lopes presidente da Escola, que revelou ao «DN», em meio as comemorações do campeonato, ter confiado nêle desde o instante em que, na Avenida, viu a aparelhagem de som pifar, mas mesmo assim o povo continuar a cantar, incentivando os sambistas, provando que «a voz do povo, êste ano, foi a voz de Deus».

VITÓRIA TEM OUTRO SABOR

«Se saber perder com esportividade tem um bom sabor, saber ganhar é melhor ainda», disse Juvenal, em meio à alegria e rebolado da turma de Mangueira. Acrescentou que a comissão julgadora, desta vez, procurou acertar o máximo, «Realmente, tivemos nota dez no que merecíamos e, por exemplo, 6 em alegoria. Mas está certo. Nossas alegorias foram estragadas pelas chuvas». Esclareceu ainda o presidente da campeã de 67 que, até a hora do desfile, os carros ficaram sob o viaduto da praça XV, mas a chuva foi mais forte que o desejo de apresentá-los em bom estado.

A VITÓRIA PELOS VITORIOSOS

Julinho, o autor do enrêdo e das alegorias da Mangueira, não estava contente com a nota 6, em alegoria e enrêdo, mas a vitória. da Escola e a nota 10 em fantasia, compensaram a tristeza que, depois, deixou de sentir. Valdemiro de Melo Pimenta, de 64 anos, diretor de bateria da Mangueira, era, na noite da campeã, o mais «invocado». Não se conformava com a nota 9 e dizia, a bom som: «Bateria melhor que a minha não tem. A nota 10 dada à bateria de Portela, não foi para ela e, sim, para o André, que saiu da Mocidade Independente de Padre Miguel e comandou o ritmo da azul e branco. Mas nada adiantou, pois ganhamos mesmo». Osmar Valença, recém-saído do Salgueiro, também comemorava, com seus novos colegas, a vitória da verde e rosa. Desde outubro que Osmar lá estava e saiu para a avenida na Ala dos Boêmios, integrada pelos diretores. No auge da alegria e das comemorações, confirmava que Isabel Valença, ano que vem, vai sair para disputar o bi do campeonato que ele conquistou.

SAMBA NA CHUVA

No pátio de ensaio da escola não havia lugar vago. Apesar da chuva, ninguém desertou e todos cantavam e sambavam, como se houvesse o melhor dos tempos. Jorge Pompéia, das Relações Públicas, era todo entusiasmo. Afirmou que chegou a ter dúvidas quanto à vitória, mas depois foi para o asfalto com a certeza de que Mangueira voltaria aos seus dias de glória no carnaval carioca20.

Mais Querida Ganhou

O júri do superdesfile das escolas de samba confirmou ontem o veredicto popular dando à Estação Primeira de Mangueira o seu 14. ° triunfo, após seis anos de espera. O pessoal da “Mais Querida” soltou bandeiras e fogos de artifício quando os resultados foram amunciados, no Quartel Central da PM. Alguns, como Carlinhos, o “Pandeiro de Ouro”, deram “show” extra para o povo, que ratificava o resultado, aplaudindo. A grande surprêsa foi o segundo lugar conquistado pela Império Serrano, após o desempate no quesito bateria com Acadêmicos do Salgueiro. Seguiram-se Unidos de Vila Isabel, Unidos de Lucas, Portela, Mocidade Independente, Imperatriz Leopoldinense e São Clemente. Portela. com o seu sexto lugar, arruinou muitos apostadores. Vai ter que dar duro desde já para se reabilitar em 1968.

A escola de-Samba Estação Primeira de Mangueira foi ontem proclamada vencedora do superdesfile realizado na Avenida Presidente Vargas. A divulgação do resultado confirmou as esperanças dos mangueirenses que em grande número campareceram ao quartel central da Policia Militar, com bandeiras e fogos de artifícios. Em segundo lugar classificou-se a escola Império Serrano, após desempatar a contagem dos pontos com a Acadêmicos de Salgueiro, no quesito “bateria”, em que teve nove pontos contra oito, ficando o Salgueiro em terceiro. A quarta colocada foi a Unidos de Vila Isabel, e a quinta, a Unidos de Lucas. O concurso das grandes sociedades foi vencido pelo Clube dos Democráticos, que obteve o seu terceiro triunto consecutivo, enquanto Clube Carnavalesco Lenhadores se sagrava pentacampeão do certame dos frevos21.

Mangueira volta a ser campeã do samba depois de 6 anos

Depois de perseguir durante seis anos a conquisata, Mangueira voltou a sagrar-se campeã das escola de samba depois da contagem referente ao desfile de domingo, realizada ontem à tarde no quartel da Polícia Militar da Rua Evaristo da Veiga. As únicas surprêsas para o público presente em grande número no auditório da PM foi a segunda colocação da Império Serrano — que êste ano segundo opinião geral não repetiu a boa figura de anos anteriores — e o voto do juiz Carlos Leite para a Portela nos quesitos Evolução e Conjunto: “Não vi nada da escola neste quesito para dar nota”.

A CLASSIFICAÇÃO

1.° lugar: Mangueira — 113 pontos
2.°: Império Serrano — 109
3.°: Acadêmicos do Salgueiro V 109 (perdeu na bateria, quseito de desempate)
4.°: Unidos de Vila Isabel — 99
5.°: Unidos de Lucas — 86
6.°: Portela — 83
7.°: Mocidade Independente — 76
8.°: Império da Tijuca — 61
9.°: Imperatriz Leopoldinense — 49
10.°: São Clemente — 48

Presidente exultou com a nova conquista

— O mundo de zinco virou hoje um mundo de felicidade, em cada barraco, em cada viela de Mangueira, o amor e a união entrelaçaram os mangueirenses na vitória do samba autêntico, da escola, da tradição, e finalmente, depois de seis anos, a Escola de Samba da Estação Primeira enxugou suas lágrimas num samba em homenagem às crianças de Monteiro Lobato — declarou ontem o Presidente da Mangueira, Sr. Juvenal Lopes.

— Oferecemos a vitória ao povo do Rio de Janeiro — acrescentou — e a Primeira Dama do Estado, Dona Ema Negrão de Lima, que se orgulha de ter nascido em Mangueira. Foi uma vitória de lágrimas e de união, mas, devemos tudo ao povo carioca que, ao sentir a falha de nossos alto-falantes, ficou de papel mão animando e cantando para a Mangueira desfilar.

OS SAMBAS

Delegado, o famoso mestre-sala, que há 18 anos tira nota 10 (com qualquer juiz) para Mangueira com sua classe de passista, repetiu em 1967 a nota máxima do samba. Disse que “entrou na Avenida para sambar e dar tudo que tinha, ainda mais que no seu lado estava a grande passista Neide — não desfilou no ano passado — que também trouxe uma nota 10 para a escola verde-rosa. Valdomiro, o Diretor de Bateria da Mangueira, que há 14 anos consecutivos tirava a nota máxima (10 pontos) estava irritado ontem, porque o juiz sómente havia dado nota 9 para a sua bateria — êste juiz é surdo, pois, dar nota 10 para a bateria da Portela e dar nove para Mangueira sómente pode ser coisa de surdo ou de ladrão. Não admito a nota nove… A bateria da Escola de Samba de Mangueira desfilou na Avenida com 150 ritmistas e nos anos passados com apenas 87: êste ano tivemos nove e, em 66, nota 10: ninguém pode entender êsse critério.

— Em 1967, além do reforço de tambores e ritmo grave, a Mangueira contou, pela primeira vez, com a turma de bateria-mirim. A garotada foi treinada — continuou — para competir com os adultos. Mangueira desfilou com a melhor bateria, basta ver as notas de outros quesitos que dependem tão-sómente da bateria, do ritmo. Ninguém pode ter nota alta em conjunto e coreografia se não tiver ritmo forte por trás da escola. Êsse juiz é surdo — repetiu o campeão de 14 carnavais.

Quando as rádios começaram a anunciar a contagem de pontos do 1. ° grupo de escolas de samba, por volta de 19hs 30m, o ambiente em Mangueira era de tensa expectativa. Após serem divulgados os primeiros pontos (Mangueira abriu com 10 e 10 em melodia e harmonia) o entusiasmo começou a tomar conta da favela. As fantasias foram retiradas dos armários e os tamborins começaram a marcação devagar. No Quartel General da Polícia Militar — local da apuração — o ambiente era tenso desde 15 horas. Centenas de mangueirenses e integrantes de outras escolas se espalhavam pelo pátio do Quartel e pela Rua Evaristo da Veiga. Os boatos e discussões se alternavam com a chegada de cada presidente de escola. Ali estavam, lado a lado, os maiores sambistas cariocas e todos os presidentes das chamadas grandes escolas de samba.

NERVOSISMO

Cada grupo procurava enervar mais o outro. Era um salgueirense que soltava um boato, um mangueirense que se irritava. Mas, aos poucos, foram sendo contornados os incidentes. O Presidente da Mangueira, Sr. Juvenal Lopes — que 20 dias antes do carnaval ficara doente porque disseram que a Portela ia ganhar de nôvo em 1967 — lá estava, acompanhado de seus dois filhos, Pedro Paulo e Bira. Ambos preocupavam-se com a saúde do pai. Pouco a pouco os grupos de hostilizavam. Era o Natal da Portela que dizia a todos que “a Mangueira já ganhou”, mas criava com isso ânimos excitados e desconfiança. Era um salgueirense que soltava o boato de que “a bateria do Salgueiro já ia descer para a Cidade porque a Escola sairia vencedora”. Mil boatos, nervosismo e a voz monótona da relações públicas anunciando resultado de frevos, ranchos, blocos…

ENTUSIASMO

Passaram-se as horas, e cada vez mais aumentava a afluência de populares no QG da Polícia Militar. Informações se cruzavam entre os dirigentes das escolas e dos blocos. Alguns chegaram a aventar a hipótese de “reverificar” os lacres dos envelopes com a contagem dos juízes, item, por item, papel por papel. Nada disso se verificou. Era apenas o nervosismo. Natal, o Presidente da Portela, disse ao JB que a “Mangueira tinha levado o carnaval, e que êle havia sentido isso na Avenida, ainda na madrugada de domingo, quando assistiu à Escola verde rosa sambar no asfalto da Presidente Vargas. O grupo do Império e os membros do Salgueiro nada quiseram comentar. Clóvis Bornay, debutando na “novíssima Unidos de Lucas”, disse que “saíra para ganhar… mesmo que não acreditassem”. Frisou que Elizete Cardoso desfilou uma vez na Avenida, em 1933, e ganhou o primeiro lugar: repetiria — dizia Bornay — o sucesso em 1967…

Às 16h30m o clima continuava tenso. Centenas de pessoas espalhavam-se com lápis e papel pelo QG da PM esperando o resultado das escolas. Houve brigas, debates e discussões. Os mangueirenses aumentavam à medida que o tempo passava. Reuniram-se no botequim defronte ao QG da PM, Bar Olimpia, para tomar uns goles e cantar, a fim de espairecer os nervos. Ali estava a Zica, mulher do Cartola, a amiga Neuma, dona do telefone de Mangueira — passistas, amigos de Mangueira, e o samba começou a surgir em cada lábio. O botequim virou sucursal da sede de Mangueira, quando lembraram do samba de Zagaia: Fala, Fala Falador… uma resposta aos que agouravam a vitória da Mangueira.

As bandeiras da Escola de Samba da Estação Primeira, com as côres verde e rosa, apareceram em alguns automóveis, mas, ainda discretamente. Lá estava o cabo Luis, com seu Ford conversível, placa GB 15-19-73, esperando o resultado para conduzir a diretoria da Escola até a sede de Mangueira. A cada passo, na PM, estava um mangueirense: Cícero dos Santos, Saratoga, Regina Célia (um dos autores do samba) e outros tantos esperando o resultado. Há seis anos Mangueira lutava por um primeiro lugar, sem sucesso. Alguns já estavam descrentes. Chegaram, depois, Neuma, Galego, Ulisses, Especial e Delegado com o grupo de passistas. Eram 18 horas. As passistas Nanana, Teresa Santos e Anik Malvil circulavam pela PM. O Natal, da Portela, dava entrevistas diversas, anunciando a vitória de Mangueira e admitindo a derrota da Portela, mas os mangueirenses estavam desconfiados demais para acreditar.
Disse Natal:
— Podem pensar que sou burro, mas em mim ninguém coloca cangalha, pois, a meu ver, Mangueira já é a campeã desde domingo.

O CLÍMAX

O clima piorava e as discussões começavam a inquietar os policiais quando os filhos de Juvenal Lopes pediram que seu pai se retirasse do ambiente. às 19h15m começou a apuração dos resultados do 1. ° grupo de escolas, porque a energia elétrica ia terminar meia hora depois. Pouco a pouco os resultados eram divulgados e os gritos começaram a ecoar no auditório do QG da Polícia Militar. Mangueira vai ganhar. As brigas, as lágrimas nos olhos de cada diretor de escola, uns irritados com a derrota, outros comovidos pela vitória. Vozes, pedidos de calma, intervenção do Capitão Jorge Francisco de Paula, ameaças de evacuação do local, nada adiantava para os emocionados sambistas. Finalmente, após correrias, gritos, protestos e confusão surgiu o resultado final: Mangueira é a campeã de 1967. Foi o clímax.

COMEMORAÇÃO

Divulgado o resultado, ninguém ouvia mais nada. Todos se abraçavam. Na Rua Evaristo da Veiga o carro do Cabo Luis foi invadido por repórteres e cinegrafistas. A bandeira verde-rosa surgiu nas mãos de Delegado, o campeão mestre-sala. Ali, sobre a mala do conversível, Delegado dava entrevista e cantava o samba da Mangueira. Trouxeram Juvenal Lopes e o Vice-Presidente Djalma. Bombas e foguetes estouravam. Os salgueirenses também comemoravam o 3. ° lugar, como os da Império Serrano (surprêsa geral), o 2. ° lugar. Começou então o desfile dos carros pelas Ruas Evaristo da Veiga, Inválidos, Constituição, Praça Tiradentes, Campo de Santana e finalmente Avenida Presidente Vargas e depois até a sede da Escola de Samba da Estação Primeira (Mangueira). O desfile terminou na quadra de basquete da Escola de Samba. Todos se abraçavam e o samba imperou em Mangueira. Amigos e inimigos se confraternizaram. Em cada barraco havia comida e bebida para quem chegasse a fim de comemorar a vitória. Todos sorriam e marcavam um grande desfile para sábado na Avenida Atlântica, quando “a Mangueira repetirá o sucesso da Avenida no domingo”. Na casa de Neuma aluz não se apagou até o raiar do dia. Mangueira venceu com o samba autêntico da tradição, no carnaval de 1967, quando as Escolas se apresentaram com todo brilho22.

MANGUEIRA, A PRIMEIRA!

Texto de ARY VASCONCELOS – Fotos: AJB

Foi uma avalancha de alegria a descer, como bola de neve, do alto do morro de Mangueira, quando chegou a notícia-delícia: Mangueira vencera o Carnaval de 67! Mas o estado-maior da Escola vibrara naquele momento no quartel da Policia Militar ao saber que os juízes haviam confirmado o julgamento popular. Foi um grito só a explodir das gargantas verde-rosas, de Juvenal Lopes, Djalma dos Santos, Jorge Pompéia, José Balalaika, Ciro Ramos de Moura, Cícero dos Santos, o grande estafe da maisquerida. Delegado, o mestre-sala, parecia falar sózinho. Neide era uma sílfide a dar “jetés” de alegria. Não tínhamos garantido tudo isso: que a vitória estava escrita nos sapatos rosa, com biqueira verde, do velho Maçu? Não escrevemos que a Estação Primeira prometia que seria a primeira em 67? Mestre Valdemiro considera-se agora um homem realizado: seus 180 homens da bateria haviam merecido, de um juiz superexigente como Ricardo Cravo Albin, a nota 9. Mocinha, a madrinha da ala dos compositores enxuga uma lágrima da raça das alegres. Vão ser bons assim no inferno, passistas de Mangueira! E você também, Carlinhos, que vale ouro como o pandeiro que conquistou; você e os “meninos” Rogério e Pimpolho. Ah, Clementina de Jesus, ah, Anik, ah, Gigi — mulheres de Mangueira. Que bom estar de nôvo entre vocês, “dollies”! Vamos comemorar isso em massa. Inclusive com uma brama desesperadamente gelada no bar de Efigênia, na própria entrada do Buraco Quente!23

MANGUEIRA FESTEJA O TÍTULO COM MISSA, FEIJÃO E SAMBA

Para comemorar a conquista do título de campeã do carnaval carioca, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, realizará durante o dia de hoje, vasto e bonito programa festivo que terá início às 6 horas, quando na quadra de ensaios da Rua Visconde de Niterói, 1.082, integrantes da famosa ala Vê Se Entende despertarão os mangueirenses com uma salva de fogos de artifícios, seguindo-se missa em ação de graças, passeata automobilística pels principais ruas do centro da cidade, suculenta feijoada, homenagem a três cronistas carnavalescos apontados pelos integrantes da verde-e-rosa até a manhã de segunda-feira.

Viajar à Bahia

Ao mesmo tempo em que realiza esta festa da vitória, a Escola de Samba Mangueira aproveitará para um preparativo com vistas a excursão que realizará sábado de aleluia à capital baiana, onde mostrará ao hospitaleiro povo da boa terra o samba campeão carioca, dentro do enrêdo Mundo Encantado de Monteiro Lobato. O presidente Juvenal Lopes que por ser um homem altamente familiarizado com as coisas do samba encarou a conquista do título com invejável tranquilidade, embora com certa emoção, revelou para LUTA DEMOCRÁTICA que, a viagem para a Bahia, será realizada em 12 ônibus da Brada Turismo, já devidamente contratados para conduzir 400 figurantes, e dirigentes que deixarão a quadra da verde-e-rosa às 5 horas do próximo sábado dia 23. Na Bahia, serão realizados dois desfiles nos dias 25 e 26 do corrente.

Missa e coquetel

Mas, para hoje, a Mangueira vai deixar cair da seguinte maneira: às 10h30m — missa em ação de graças na Igreja dos Capuchinhos. às 11h 15m início da passeata automobilística, que sairá da porta do mencionado templo; às 12 horas na sede administrativa, a diretoria da campeoníssima oferecerá aos jornalistas, autoridades da secretária de Turismo e da administração regional de Campo Grande um coquetel.

Troféus e feijoada

Prosseguindo, os dirigentes da Mangueira realizarão uma solenidade no decorrer da qual, serão agraciados com belíssimos troféus, os jornalistas Antonio Lemos, cronista carnavalesco da LUTA DEMOCRÁTICA, Salvador Batis, da Rádio Tupi e Manuel Abrantes, de A Notícia. Também ao vice-presidente do Campo Grande A.C, sr. Mário Stabile, como reconhecimento pelo muito que fêz, em benefício da Mangueira, será conferido um artístico brinde.

Samba rolando…

Com o samba rolando, será servida uma suculenta feijoada preparada com 300 sacas do uberabinha legítimo. O ágape começara a ser servido às 15 horas. Mas, o samba vai encher a quadra até amanhã pela manhã24.

  1. [S.d.] – Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=O_mundo_encantado_de_Monteiro_Lobato&oldid=66342609>. Acesso em: 30 jul. 2023. ↩︎
  2. Jornal do Brasil (RJ), 4 mai. 1966, p. 10 ↩︎
  3. ESCOLAS SAEM COM TEMAS INFANTIS. Correio da Manhã (RJ), 12 out. 1966, p. 9 ↩︎
  4. Mangueira mostrará mundo de Monteiro Lobato em seu enrêdo para o carnaval-67. Jornal do Brasil (RJ), 9 dez. 1966, 1º. Cad., p. 11 ↩︎
  5. Mangueira abrirá ao povo os livros infantis de M. Lobato. O Jornal (RJ) 17 dez. 1966, p. 9 ↩︎
  6. O MUNDO ENCANTADO DE MONTEIRO LOBATO, samba-enrêdo (67) de Darcy da Mangueira, Batista e Luiz, com Eliana Pittman, em disco “É PRECISO CANTAR”, Copacabana CLP 11.493 (1966). Esse Samba-enredo tem o seu pioneirismo: foi o que introduziu o samba-enredo no consumo. A gravação feita pela cantora Eliana Pitman foi muito executada pelas estações de rádio e vendeu muitos discos — fato inédito num samba-enredo. A partir dele, esse tipo de samba passou a ser mais gravado e acabou por se transformar numa das certezas de sucesso; ↩︎
  7. LEMOS, Antônio. MANGUEIRA VAI DEIXAR CAIR! Luta Democrática (RJ), 3 jan. 1967, p. 8 ↩︎
  8. Mangueira e Salgueiro elegem seus sambas-enredos para 1967. Jornal do Brasil (RJ), 3 jan. 1967, 1º. Cad, p. 10 ↩︎
  9. Mangueira já tem samba sôbre “O Mundo de Monteiro Lobato”. O Jornal (RJ), 5 jan. 1967, p. 9 ↩︎
  10. Samba da Mangueira parou Luís e Batista. Jornal do Brasil (RJ), 13 jan. 1967, 1º. Cad., p. 10 ↩︎
  11. ALEGRIA INFANTIL É O TEMA ADULTO PARA MANGUEIRA. Jornal do Brasil (RJ) 8 jan. 1967, Cad. B, p. 4 ↩︎
  12. AS BELAS ARTES DA VERDE E ROSA. Jornal do Brasil (RJ), 26 jan. 1967, Cad. B, p. 6 ↩︎
  13. VASCONCELOS, Ary. SAMBA SE APRENDE É NAS ESCOLAS. O Cruzeiro (RJ) 4 fev. 1967, p. 85 ↩︎
  14. MANGUEIRA VAI BOTAR PARA DERRETER HOJE! Luta Democrática (RJ) 17 jan. 1967, p. 8 e 5 ↩︎
  15. CABRAL, Edison; ALBERTO, Sérgio. 67 CADA ESCOLA UM CARNAVAL. Manchete (RJ), 28 jan. 1967, p. 112 ↩︎
  16. Mangueira está mandando brasa. Luta Democratica (RJ), 3 fev. 1967, p. 8 ↩︎
  17. NEM A CHUVA ARREDOU O POVO DO SUPERDESFILE DO SAMBA. O Globo (RJ), 8 fev. 1967, p. 6 ↩︎
  18. Mangueira pode ganhar o 1º lugar na contagem de pontos. Jornal do Brasil (RJ), 9 fev. 1967, 1. ° Cad., p. 3 ↩︎
  19. Mangueira samba por sua vitória. Correio da Manhã (RJ), 10 fev. 1967, 1. ° Caderno, p. 6 ↩︎
  20. VENCE A MANGUEIRA: É SAMBA. Diário de Notícias (RJ), 10 fev. 1967, 1. ° Seção, p. 13 ↩︎
  21. Mais Querida Ganhou. O Globo (RJ), 10 fev. 1967, p. 5 ↩︎
  22. Mangueira volta a ser campeã do samba depois de 6 anos. Jornal do Brasil (RJ), 10 fev. 1967, 1. ° Cad. p. 5 ↩︎
  23. VASCONCELOS, Ary. MANGUEIRA, A PRIMEIRA! O Cruzeiro (RJ), 25 fev. 1967, p. 16 ↩︎
  24. MANGUEIRA FESTEJA O TÍTULO COM MISSA, FEIJÃO E SAMBA. Luta Democrática (RJ), 5 mar. 1967, 2.° Caderno, p. 8 ↩︎