O Príncipe dos Poetas Alagoanos
Jorge de Lima

IMAGENS POÉTICAS DE JORGE DE LIMA

ALCYONE BARRETO

A Mangueira que, em carnavais passados, homenageou Vila Lobos, Gilberto Freire, Monteiro Lobato e outros, pretendendo exaltar nossa poesia desfila, em 1975, com o enrêdo “Imagens poéticas de Jorge de Lima”.

O enrêdo não pretende apresentar a vida e a obra de Jorge de Lima, quer homenageá-lo apresentando imagens poéticas que pertencem à história e as lendas, que são lugares, coisas e gente do nosso Brasil. Assim, o desenvolvimento do enrêdo não está preso ao tempo ou ao espaço, não obedece à cronologia da criação artística do poeta de ESSA NEGRA FULÔ, apresenta imagens que atingiram sua sensibilidade artística.

Jorge Matheus de Lima morreu no dia 15 de novembro de 1953, quando residia na Avenida Atlântica, no Posto 6, em Copacabana, na mui leal e heróica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Ele nasceu no dia 23 de abril de 1895, em União dos Palmares, a poucas léguas da Serra da Barriga, onde antes, conforme conta a história, foi implantada a primeira República Negra das Américas — Quilombo dos Palmares, nas Alagoas.

Pertinho da Serra da Barriga passou lorge sua infância, na casa-grande do Engenho Maravalha, onde seu pai e seu avô, por serem abolicionistas, jamais usaram o trabalho do negro escravo. Foi na casa-grande que chegou ao conhecimento do menino Jorge os feitos guerreiros, a resistência heróica dos escravos fugidos das senzalas, contados através das gerações pelas mães pretas aos filhos das sinhás.

Jorge de Lima, o príncipe dos poetas alagoanos, que nasceu no dia do Santo Guerreiro, que brincou perto de onde aconteceu Zumbi dos Palmares, ouviu de antigos escravos o lamento de saudade da Àfrica, escutou os sons dos rituais e aprendeu as tradições da raça negra. Viveu toda uma época de transformação social e política, assistiu a decadência da nobreza rural e o surgimento do capitão de indústria, viu a usina absorver o bangüê, foi testemunha da luta pela terra e, em lindos versos, com brasilidade, contou de sua terra e de sua gente.

Jorge de Lima, em seus momentos poéticos, criou em forma de sonetos, poemas, versos soltos, romance e novela, dizendo da terra, da gente e das coisas deste Pais e a Mangueira coloriu de verde e rosa treze de suas poesias para apresentá-las ao povo, pois ao povo pertencem as imagens poéticas de Jorge de Lima.1

O FANTÁSTICO SHOW DO SAMBA

Sendo a escola mais popular, Mangueira é tambem a mais tradicional. Sua famosa ala das baianas, sozinha, pode servir de logotipo do samba e do carnaval. A Estação Primeira foi realmente a primeira a esquentar o público, que sentiu mais, uma vez estar diante de uma maravilhosa exibição de arte popular.
Sendo a escola mais popular, Mangueira é tambem a mais tradicional. Sua famosa ala das baianas, sozinha, pode servir de logotipo do samba e do carnaval. A Estação Primeira foi realmente a primeira a esquentar o público, que sentiu mais, uma vez estar diante de uma maravilhosa exibição de arte popular.
Foto: Nicolau Drei/Manchete

Sétima escola a entrar na Avenida Antônio Carlos, Mangueira botou pra quebrar logo de início, desfilando compacta e empolgada. O público, que até então apenas aplaudira as escolas anteriores, percebeu que estava realmente diante da mais querida e ficou de pé, cantando o samba puxado por Jamelão. O enredo que parecia difícil (Imagens Poéticas de Jorge e Lima) tornou-se fácil e surpreendente nas mãos de Alcione Barreto, José Rodrigues e Elói Machado. Alguns dos principais poemas do poeta alagoano explodiram em alegorias, cores e figurantes, formando um conjunto que honrou mais uma vez a tradição mangueirense, que já levou para o asfalto o fabuloso universo de Vila-Lobos e o mundo encantado de Monteiro Lobato. Sem causar susto nem surpresa, a escola de Cartola desfilou dentro de suas características: não esbanjou dinheiro nas fantasias, não fez filigranas desnecessárias, mas conseguiu um ótimo samba, no pé e no coração.2

Sambas da Estação Primeira de Mangueira ♪

  1. BARRETO, Alcyone. EDIÇÃO ESPECIAL DE GALA – Fevereiro de 1975 – Imagens Poéticas de Jorge de Lima enredo do G.R.E.P. Escola de Samba de Mangueira para o Carnaval de 1975. p.5 ↩︎
  2. “O FANTÁSTICO SHOW DO SAMBA”, Revista Manchete (RJ) n.1.192, 22-2-75 p.6-7 ↩︎