Samba é melhor com cinco autores
EDIÇÃO ESPECIAL DE GALA – Fevereiro de 1968. “Samba, Festa de um Povo” enrêdo do G.R.E.P Escola de Samba de Mangueira para o Carnaval de 1968 p.6-7

Para apurar os Sambas de enrêdo, êste ano, visando a repetir o sucesso de “O Mundo Encantado de Monteiro Lobato”*, a Ala dos Compositores da Mangueira resolveu dividir seus componentes em grupos de, no mínimo, quatro.

Assim, os três autores vencedores do ano passado — Darcy, Batista e Luís — se uniram a Hélio Turco e Dico para traduzirem musicalmente a história de “Samba, Festa de Um Povo”*.

Tão logo o Samba foi para a quadra de ensaios ganhou a preferência das pastoras, embora os outros fôssem também de grande gabarito. No dia 24 de janeiro, uma Comissão Julgadora elegeu-o por unanimidade para o desfile. Todos os compositores se uniram e, sem reclamações, passaram a trabalhar pelo Samba vencedor.

Darcy está há quatro anos na Ala dos Compositores e foi o responsável pela linha melódica. Antes mesmo de entrar na Ala, Darcy já tinha auxiliado a Hélio Turco no Samba “História de Um Preto Velho”*, em 1964. Em 1965 não concorreu em Samba de enrêdo e, no ano seguinte, fêz parceria com Luís e Batista, tirando segundo lugar com “Exaltação a Villa-Lobos”*. No ano passado, os três venceram na Mangueira e na Presidente Vargas com “‘O Mundo Encantado de Monteiro Lobato”.

Hélio Turco foi o principal responsável pela letra da música. No entanto, não fêz questão de que saísse seu nome como um dos autores. Lembra Hélio Turco que foi sempre com amizade e compreensão que os cinco compositores chegaram, com sucesso, ao final da composição. Hélio Turco é o mais antigo dos cinco na Ala dos Compositores, onde começou, em 1958. Foi várias vezes campeão de Samba de enrêdo na Escola. Em 1959, 60*, 61* e 63* venceu de parceria com Cícero e Pelado. Em 1964, com Darcy e Comprido e em 1965 com Pelado e Comprido.

Batista faz parte da Ala dos Compositores desde 1959, mas só há três anos disputa Samba de enrêdo, vencendo os dois últimos. Da mesma forma, em relação a Samba de enrêdo, está Luís, embora tenha entrado para a Ala em 1954 e tivesse feito, com sucesso, alguns Sambas de rua.

Dico é o mais nôvo dos cinco na Ala e em disputas de Samba de enrêdo. Este foi seu primeiro ano.*

/nota(s):
  1. O MUNDO ENCANTADO DE MONTEIRO LOBATO, samba-enrêdo (67) de Darcy da Mangueira, Batista e Luiz, com Darcy da Mangueira, em disco “DARCY DA MANGUEIRA – A HISTÓRIA DO SAMBA VERDADEIRO”, Polydor LPNG 44.046 (1970); ↩︎
  2. SAMBA, FESTA DE UM POVO, samba-enrêdo (68) de Darcy da Mangueira, Luis, Batista, Hélio Turco e Dico, com Darcy, em disco “as dez grandes escolas cantam para a posteridade seus sambas-enrêdo de 1968”, MIS 003 (1967); ↩︎
  3. HISTÓRIA DE UM PRÊTO-VELHO, samba-enrêdo (64) de Pelado, Comprido e Hélio Turco, com Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, em disco “ESCOLA DE SAMBA ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA”, Musidisc Hi-Fi 2.102 (1964); ↩︎
  4. EXALTAÇÃO À VILLA-LOBOS, samba-enrêdo (66) de Jurandir e Claudio, com côro, em disco “ESCOLA DE SAMBA E.P.DE MANGUEIRA EXALTAÇÃO À VILLA-LOBOS”, Caravelle LP-NF 6.003, 1966; ↩︎
  5. EPOPÉIAS DO SAMBA, samba-enrêdo (60) de Cícero, Hélio e Pelado, com Nuno Veloso e côro, em disco “Salve MANGUEIRA”, RCA Victor BBL-1098 (1960); ↩︎
  6. RIO ANTIGO, samba-enrêdo (61) de Pelado, Hélio Turco e Cícero, com Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, em disco “ESCOLA DE SAMBA ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA”, Musidisc Hi-Fi 2.102 (1964); ↩︎
  7. RELÍQUIAS DA BAHIA, samba-enrêdo (63) de Pelado, com o autor, em disco “encontro com a velha guarda”, Fontana/Philips 6470 576 (1976); ↩︎
  8. Texto FIELMENTE transcrito de: Revista EDIÇÃO ESPECIAL DE GALA – Fevereiro de 1968. “Samba, Festa de um Povo” enrêdo do G.R.E.P Escola de Samba de Mangueira para o Carnaval de 1968 p.6-7 — Imagem WebP 832 KB ↩︎